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Círculo completo: algas espaciais no combate à malnutrição no Congo

14/09/2016 629 views 2 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

À procura de alimentos que poderiam ser cultivados pelos astronautas longe da Terra, os pesquisadores concentraram-se na Spirulina, cujas colheitas têm servido de alimento na América do Sul e África durante séculos. A astronauta da ESA Samantha Cristoforetti comeu no espaço o primeiro alimento que contém Spirulina e, agora, a informação está a ser aplicada num projeto-piloto no Congo como um suplemento alimentar.

Em preparação para missões longas longe da Terra, os astronautas terão de colher os seus próprios alimentos. A equipa do ‘Sistema Alternativo de Apoio à Vida Micro-Ecológica’ da ESA, ou MELISSA (Micro-Ecological Life Support System Alternative), está focada em criar um ecossistema fechado que recicle continuamente resíduos em alimentos, oxigénio e água.

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As bactérias do género Arthrospira - mais conhecidas como Spirulina - têm sido uma peça importante do projeto MELISSA durante muitos anos, porque são de crescimento fácil multiplicação rápida. As bactérias transformam o dióxido de carbono em oxigénio e podem ser comidas como um delicioso suplemento rico em proteína. São, também, altamente resistentes à radiação encontrada no espaço exterior.

Durante a sua estadia na Estação Espacial Internacional, o astronauta da ESA Andreas Mogensen testou barras de cereais que contêm Spirulina, recolhida através do sistema MELISSA, para garantir que mantêm o seu sabor no espaço.

Do espaço para Congo

Um parceiro belga do projeto MELISSA, o centro de pesquisa SCK·CEN, tem estado envolvido desde os primeiros dias. A sua pesquisa em Spirulina recaiu sobre vários aspetos das bactérias tais como, a expressão dos genes, a atividade enzimática, a absorção da luz, o seu movimento durante o crescimento e a ingestão de nutrientes. Este conhecimento sem paralelo está agora a ser aplicado em torno da cidade de Bikoro, no Congo.

A dieta básica nesta região é a mandioca, que fornece muito pouca proteína, de modo que a Spirulina poderia complementar a dieta local com a tão necessária proteína, bem como vitamina A e ferro.

A fase-piloto está focada no crescimento de Spirulina em cubas de água com bicarbonato de potássio e outros ingredientes que podem ser encontrados localmente. Sob a luz solar e agitação regular, as cubas são fáceis para colheita e capazes de fornecer uma família de seis.

A Spirulina é seca e em pó, com apenas 10 gramas polvilhados nos alimentos a cada dia o suficiente para satisfazer a maioria das necessidades dietéticas - acrescentando um sabor levemente salgado ao prato.

Os funcionários do centro de pesquisa SCK·CEN estão a trabalhar com empresários locais para ajudar a tornar o sistema num sucesso, após o início numa aldeia.

E de volta ao espaço

Algumas experiências estão também previstas na Estação Espacial porque ninguém sabe como alguns dos organismos do sistema MELISSA irão crescer no espaço.

Uma série de experiências irão ‘voar’ as bactérias Arthrospira e cultivá-las na instalação Biolab, no laboratório Columbus da ESA, para ver como se adaptam à ausência de peso.

“Quando começámos a trabalhar no projeto MELISSA, há mais de 25 anos atrás, fomos inspirados pelos ecossistemas como aqueles encontrados em torno do lago Chad, 1500 km ao norte de Bikoro”, conclui Christophe Lasseur. “É justo que o nosso trabalho criando um ecossistema circular esteja agora a ajudar a população local, bem como futuros astronautas no espaço.”

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