Combustão Do Motor Dá Um 'Empurrão' À Missão-Marte
Ontem, após uma longa combustão do seu poderoso motor, o ‘ExoMars Trace Gas Orbiter’ da ESA está no caminho certo para chegar ao Planeta Vermelho em Outubro.
ExoMars fez ontem a sua primeira manobra crítica desde o seu lançamento a 14 de Março, ‘queimando’ o seu motor durante 52 minutos para ajudar a sua interseção a Marte a 19 de Outubro.
ExoMars, uma missão conjunta com o Roscosmos da Rússia,foi lançada a 14 de Março e já percorreu mais de metade dos seus quase 500 milhões de quilómetros de viagem.
O ‘ExoMars Trace Gas Orbiter’, TGO, leva consigo Schiaparelli, o demonstrador de entrada, descida e aterragem. Ao chegar, Schiaparelli irá testar a tecnologia necessária para o rover 2020 fazer uma aterragem controlada, enquanto a sua nave-mãe irá entrar numa órbita elíptica à volta de Marte.
Nos próximos meses, TGO irá roçar os confins da atmosfera de modo a baixar a sua órbita. A sua órbita circular final, a cerca de 400 km de altitude, permitir-lhe-á iniciar a sua missão científica de 5 anos em Dezembro de 2017
O TGO vai analisar gases raros na atmosfera do planeta, especialmente metano, o qual na Terra pode indicar processos geológicos ou biológicos ativos.
Alinhando para intercetar Marte
A combustão no espaço-profundo começou automaticamente ontem às 09:30 GMT (11:30 CEST), depois dos comandos para a sua orientação e acendimento do motor principal 424 N terem sido transferidos na Terça-feira.
A manobra foi monitorizada de perto pela missão de controlo da ESA em Darmstadt, Alemanha, a qual seguiu os sinais da aeronave através da antena de rádio altamente sensível em New Norcia, Austrália.
“O motor proporciona mais ou menos a mesma força necessária para levantar um peso de 45 kg num ginásio, e decorreu durante 52 minutos, por isso é um “empurrão” bastante significativo,” afirma Silvia Sangiorgi, vice-diretora de operações da aeronave.
A combustão foi planeada com bastante antecedência, e a sua duração foi cuidadosamente calculada para minimizar o consumo de combustível para o conjunto global da viagem e manobras de captura de Marte. Estas incluem uma segunda combustão a 11 de Agosto e manobras menores de ‘aparagem’ a 19 de Setembro e 14 de Outubro.
Uma combustão mais pequena foi realizada a 18 de Julho para testar pela primeira vez o motor. O desempenho naquele dia não foi como previsto devido a um erro de configuração, por isso uma repetição do teste foi realizada no dia 21 de Julho, decorrendo na perfeição.
“A combustão de hoje foi a maior das quatro planeadas que irão permitir ao ExoMars intercetar Marte e aterrar precisamente o módulo Schiaparelli no Meridiani Planum, uma região grande e plana perto do equador,” diz o diretor de operações de voo Michel Denis.
O cálculo da combustão de ontem foi feito com a ajuda de uma técnica de navegação ultra-precisa que localiza a posição da aeronave até 1000 m e a uma distância de 150 milhões de km da Terra.
Para além das aberturas de fogo disponíveis em Setembro e Outubro, as quais irão proporcionar ajustes finais delicados na trajetória antes da separação de Schiaparelli a 16 de Outubro, o ExoMars tem também de levantar a sua órbita a 17 de Outubro e dirigir-se para a órbita de Marte a 19 de Outubro.
As equipas têm aproveitado esta fase da viagem relativamente calma para testar sistemas da aeronave, incluindo o módulo Schiaparelli e a unidade de rádio que irá ser usada para retransmitir dados dos rovers em Marte, e para verificar os quatro instrumentos científicos do TGO.