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Aproximação ao peri-hélio
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O grande dia da Rosetta, perto do sol

14/08/2015 549 views 2 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

A nave Rosetta da ESA assistiu ontem à aproximação máxima do Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko ao Sol. O exato momento do peri-hélio ocorreu às 02:03 GMT, quando o cometa chegou aos 186 milhões de km do Sol. 

No ano que passou, desde que a Rosetta chegou, o cometa viajou cerca de 750 milhões de quilómetros, ao longo da sua órbita em direção ao Sol, o aumento da radiação solar vai aquecendo o núcleo, tornando o gelo em gás que se escapa e vai para o espaço a um ritmo ainda maior. Estes gases, e as partículas de pó arrastadas pelo caminho, formam a atmosfera do cometa – coma – e cauda. 

Aproximação ao peri-hélio, animação
Aproximação ao peri-hélio, animação

A atividade atinge o seu pico de intensidade à volta do peri-hélio e nas semanas que se seguem – e é claramente visível nas imagens espetaculares que a nave tem enviado nos últimos meses. Uma imagem foi captada pela câmara de navegação da Rosetta às 01:04 GMT, apenas uma hora antes do momento do peri-hélio, de uma distância de cerca de 327 km.

A câmara científica também tem estado a trabalhar – a imagem mais recente foi feita às 23:31 GMT de 12 de Agosto, apenas umas horas antes do peri-hélio. A atividade do cometa pode ser vista com muita clareza nas imagens, com uma panóplia de jatos a sair do núcleo, incluindo uma explosão às 17:35 GMT de dia 12.

“A atividade irá manter-se elevada por várias semanas, e estamos desejosos de ver quantos jatos e explosões conseguiremos captar, como tem vindo a acontecer nas últimas semanas,” diz Nicolas Altobelli, cientista de projeto da Rosetta.

O cometa no peri-hélio
O cometa no peri-hélio

As medições da Rosetta sugerem que o cometa está a lançar até 300 kg de vapor de água – grosso modo, o equivalente a duas banheiras – por segundo. Isto é mil vezes mais do que o observado por esta altura no ano passado quando a Rosetta se aproximou do cometa pela primeira vez. Naquela altura, registou uma taxa de libertação de vapor de apenas 300 g por segundo, o equivalente a dois pequenos copos de água.

Além do gás, pensa-se que o núcleo esteja também a derramar até mil quilos de pó por segundo, criando perigosas condições de trabalho para a Rosetta.

“Nos últimos dias fomos obrigados a afastar ainda mais a nave do cometa. Esta semana estamos a uma distância entre os 325 km e os 340 km, numa região em que os startrackers da Rosetta podem funcionar sem serem perturbados por níveis de poeira excessivos – se estes não funcionam como deve ser, a Rosetta fica incapaz de se posicionar no espaço,” comenta Sylvain Lodiot, gestor de operações da nave para a ESA.

Rocha a passar pelo cometa
Rocha a passar pelo cometa

A monitorização da alteração do ambiente do cometa no caminho até ao peri-hélio, durante e após é um dos objetivos científicos principais da missão.

Ao longo dos últimos meses, mudaram as estações no cometa, atirando o hemisfério sul para um pequeno – cerca de 10 meses – verão após cinco anos e meio de escuridão. Isto revelou partes da superfície que antes estavam na sombra durante a permanência temporária da Rosetta no cometa, permitindo aos cientistas preencher o mapa desta região.

Hemisfério sul do cometa
Hemisfério sul do cometa

Foram agora identificadas quarto novas regiões geológicas no hemisfério sul, o que inclui partes dos dois lobos do cometa, elevando o número total de regiões para os 23. Os nomes das novas regiões seguem a convenção de atribuição de nomes das deusas e deuses egípcios adotadas para o cometa: Anhur, Khonsu, Sobek and Wosret. 

O cometa visto a partir da Terra
O cometa visto a partir da Terra

A temperatura média do cometa também tem estado a aumentar. Pouco depois da chegada, a temperatura à superfície era de –70ºC. Em abril–maio de 2015, subiu para apenas alguns graus abaixo dos zero celsius, e agora as previsões para o próximo mês apontam para um máximo de algumas dezenas acima do zero.

Entretanto, os astrónomos na Terra têm estado a seguir a evolução do cometa, de longe. A Rosetta está perto demais do cometa para ver a sua cauda, mas as imagens recolhidas ao longo dos últimos meses com telescópios por todo o mundo mostram que esta já se estende por mais de 120 mil km.

Mapeamento dos jatos do cometa
Mapeamento dos jatos do cometa

Várias imagens, incluindo algumas feitas na semana passada pelo telescópio Gemini-North, em Mauna Kea, Havai, revelaram uma coma assimétrica, com uma região de grande densidade, afastada da cauda principal.

“Combinar esta visão mais geral feita a partir de telescópios em terra, com o estudo de proximidade dos jatos e explosões da Rosetta, irá ajudar a compreender os processos em funcionamento na superfície do cometa à medida que este se aproxima do Sol,” acrescenta Nicolas.

Ambiente poeirento do cometa
Ambiente poeirento do cometa

“O nosso objetivo é voltar a aproximar-nos, para analisar a forma como o cometa mudou. Continuamos na expectativa de que o Philae seja capaz de retomar a sua atividade científica na superfície dando-nos uma visão detalhada das alterações que possam estar a ocorrer nas imediaçãoes do seu local de aterragem.”

Em conclusão, Patrick Martin, responsável de missão da ESA para a Rosetta, sublinha: “É muito emocionante atingir a etapa do peri-hélio, e estamos ansiosos por ver de que forma se comporta este fantástico cometa à medida que nos afastamos do Sol ao longo do próximo ano.”

Nota para os editores
Assista à repetição do evento Google+ Hangout com os peritos da missão Rosetta, na celebração de um ano no cometa e peri-hélio.Aqui.

Sobre a Rosetta

A Rosetta é uma missão da ESA com contribuições dos seus Estados Membros e da NASA. O lander Philae da Rosetta é um contributo de um consórcio da DLR, MPS, CNES and ASI.

Para mais informações, por favor contacte: 
Markus Bauer








ESA Science and Robotic Exploration Communication Officer









Tel: +31 71 565 6799









Mob: +31 61 594 3 954









Email: markus.bauer@esa.int

Nicolas Altobelli
Acting Rosetta Project Scientist
Email: Nicolas.Altobelli@esa.int

Sylvain Lodiot
Rosetta Spacecraft Operations Manager
Email: sylvain.lodiot@esa.int

Patrick Martin
Rosetta Mission Manager
Email: patrick.martin@esa.int

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