ESA title
Philae’s primary landing site
Agency

Sítio J escolhido para a aterragem do Philae

17/09/2014 464 views 2 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

O módulo de aterragem da Rosetta, Philae, irá pousar no local J, uma região intrigante no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko que oferece um potencial científico único, com sinais de atividade nas proximidades e um risco mínimo para o módulo comparado com os outros locais candidatos. 

O local J, na ‘cabeça’ do cometa, um mundo irregular que tem pouco mais de 4 km no seu ponto mais largo. A seleção por este local foi unânime. O local de backup, o C, está localizado no ‘corpo’ do cometa.

O módulo de aterragem de 100 kg aterrará na superfície a 11 de novembro, onde fará medições de profundidade de forma a ser possível caracterizar o núcleo, de uma forma sem precedentes.  

Mas escolher o local de aterragem adequado não foi tarefa fácil. 

Philae’s primary landing site in context
Philae’s primary landing site in context

 “Como já conseguimos perceber pelas recentes imagens, o cometa é belo mas acidentado – cientificamente excitante, mas a sua forma torna-o num desafio operacional, ” diz o responsável pela aterragem do Philae no Centro Aeroespacial Alemão, DLR.

 “Nenhum dos locais candidatos cumpria todos os critérios operacionais, a um 100%, mas o local J é claramente a melhor solução.”

“Faremos a primeira análise in situ de um cometa neste local, dando-nos uma visão sem paralelo da composição, estrutura e evolução de um cometa” diz Jean-Pierre Bibring, cientista de projeto e investigador principal do instrumento CIVA, no IAS em Orsay, França.

“O local J dá-nos a possibilidade de analisar material primitivo, caracterizar as propriedades do núcleo e estudar os processos que dão origem à sua atividade.”

Philae’s primary landing site close-up
Philae’s primary landing site close-up

A corrida para encontrar um local de aterragem só poderia ter começado depois da Rosetta ter chegado ao cometa, o que aconteceu a 6 de agosto, quando o cometa foi visto de perto pela primeira vez. A 24 de agosto, usando dados recolhidos pela Rosetta quando esta estava a 100 km do cometa, foram identificadas cinco regiões candidatas, tendo sido analisadas posteriormente.

Desde então, a nave deslocou-se até cerca de 30 km do cometa, permitindo que fossem  feitas medições mais detalhadas dos locais candidatos. Em paralelo, as operações e as equipas de dinâmica de voo têm estado a explorar as opções de aterragem em cada um dos cinco locais. 

Durante o fim-de-semana, o O Grupo de Seleção do Local de Aterragem composto por engenheiros e cientistas do Centro de Operações e Navegação do Philae da Agência Espacial Francesa, CNES, o Centro de Controlo do Lander na DLR, cientistas que representam instrumentos do Lander e a equipa da Rosetta da ESA encontraram-se no CNES, em Toulouse, França, para analisar os dados disponíveis e escolher o local principal e o seu backup.

Philae’s primary landing site in 3D
Philae’s primary landing site in 3D

Na escolha, foram analisados uma série de aspetos críticos, não só a garantia de uma trajetória segura para a aterragem do Philae, como as características do terreno à volta, que deveria ser o menos acidentado possível. Já no terreno, outros fatores tiveram de ser analisados, incluindo o equilíbrio entre luz do dia/noite e frequência da possibilidade de estabelecer comunicação com a nave.   

A descida é passiva e só é possível prever a aterragem numa área elíptica, com cerca de umas centenas de metros.

Foi avaliada uma área de um quilómetro quadrado, para cada local candidato. No local J, a maior parte das encostas têm uma inclinação inferior a 30º, reduzindo a probabilidade de o Philae tombar durante a aterragem. O local J também parece ter poucos pedregulhos, e recebe suficiente luz diurna para recarregar o Philae e continuar as operações científicas na superfície, após o período de funcionamento com baterias.

Uma avaliação inicial da trajetória para o local J permitiu concluir que o tempo de descida do Philae para a superfície seria de cerca de sete horas, uma duração que não compromete as observações no cometa, uma vez que não consome demasiada bateria na descida.

Os locai B e C foram ambos considerados para o backup, mas o C acabou por ser o escolhido por causa da boa iluminação e poucos pedregulhos. Os locais A e I pareciam atrativos durante a primeira ronda de conversação, mas foram eliminados na segunda, porque não cumpriam uma série de critérios essenciais.  

Philae landing site context
Philae landing site context

Será agora preparada uma cronologia detalhada, de forma a determinar com precisão a trajetória da Rosetta de forma a colocar o Philae no local J. A aterragem tem de acontecer antes de meados de novembro, já que se prevê que o cometa se torne mais ativo à medida que se aproxima do Sol.

“Não há tempo a perder, mas agora que estamos mais perto do cometa, iremos investigar mais o cometa, permitindo-nos melhorar a análise de ambos os locais,” diz o diretor de voo da ESA para a Rosetta, Andrea Accomazzo.

“Claro, não podemos prever a atividade do cometa entre hoje e a aterragem, e no próprio dia da aterragem. Um aumento súbito na atividade poderia afetar a posição da Rosetta na sua órbita no momento da aterragem e por consequência afetar o próprio local da aterragem e é isto que torna esta operação numa operação tão arriscada.”

Philae’s backup landing site
Philae’s backup landing site

Depois de abandonar a Rosetta, a descida do Philae será autónoma, com os comandos preparados pelo Centro de Controlo do Lander na DLR e carregados via controle de missão da Rosetta, antes da separação.

Durante a descida, serão feitas imagens bem como outras observações do ambiente do cometa.

Quando o lander poisar no chão, a uma velocidade equivalente à passada, serão usados arpões e parafusos de gelo para o fixar à superfície. Fará depois uma imagem panorâmica, a 360 graus, do local de aterragem para ajudar a determinar onde e em que orientação aconteceu a aterragem. 

Começará então a fase científica, com outros instrumentos a analisarem o plasma e o ambiente magnético, e a temperatura à superfície e por baixo. O lander também irá escavar e recolher amostras subterrâneas, enviando-as para o laboratório a bordo, para análise. A estrutura interna do cometa também será explorada pelo envio de ondas de rádio através da superfície em direção à Rosetta. 

“Nunca ninguém tentou aterrar num cometa, por isso trata-se de um grande desafio,” diz Fred Jansen, responsável de missão da Rosetta, da ESA. “A complicada estrutura ‘dupla’ do cometa teve um impacto considerável nos riscos relacionados com a aterragem, mas são riscos que vale a pena correr para termos a hipótese de fazer a primeira aterragem planeada num cometa.”

A data da aterragem será confirmada a 26 de setembro, depois de terem sido feitas mais análises à trajetória e a aprovação do local de aterragem seguir-se-á a uma análise final, a 14 de outubro.   

Related Articles

Related Links