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A propulsão helio-eléctrica pode marcar uma nova era na exploração espacial.
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A ESA desenvolve um método mais inteligente de viajar pelo espaço

13/06/2002 710 views 0 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Com a necessidade crescente de levar missões espaciais a outros mundos, os foguetes tradicionais começam a ser insuficientes. Como resposta, a ESA está a contribuir para o desenvolvimento de um novo motor de propulsão helio-eléctrica ou, como é designado habitualmente, um motor iónico, que pode marcar uma nova era na exploração espacial.

O novo sistema de propulsão da ESA, a propulsão helio-eléctrica, não queima combustível como os motores normais, mas converte luz solar em electricidade por intermédio de páineis solares, que é depois usada para carregar electricamente átomos de gás pesados, que aceleram o veículo a grande velocidade. Num foguete químico, a queima de combustível gera gases que são expelidos muito lentamente quando comparado aos propulsores eléctricos. Contudo, num motor iónico, o gás é ejectado a alta velocidade, o que o torna geralmente muito mais eficiente uma vez que é necessário menos combustível.

Estes motores há muito que são objecto de ficção científica, mas agora, devido à ESA, são uma realidade. Um motor iónico pequeno é o que está neste momento a corrigir a órbita do satélite de telecomunicações Artemis da ESA e em 2003 prevê-se o lançamento da missão SMART-1 a partir de Kourou, na Guiana Francesa, que usará um motor deste tipo para alcançar a Lua.

Os motores iónicos são muito importantes porque a sua grande eficiência torna possíveis missões que antes eram inalcançáveis. A SMART-1 vai testar uma técnica de manobra usando este novo tipo de propulsão e o impulso gravitacional da Lua, que será essencial para a missão a Mercúrio da ESA, BepiColombo. Giuseppe Racca, Project Manager da missão SMART-1, explica: ‘Com a propulsão química apenas se podem fazer aproximações ou entrar em órbitas muito elongadas de um planeta. Se se quiser mesmo atingir uma órbita baixa em Mercúrio e realmente observar o planeta, só se pode fazer com propulsão helio-eléctrica.’

Este tipo de propulsão será também usado para a missão Solar Orbiter da ESA, a ser lançada ao mesmo tempo que a BepiColombo. Esta sonda irá usar um motor iónico para se elevar acima do plano do Sistema Solar e para estudar o Sol a grandes latitudes. Como não precisam de levar tanto combustível, estes motores dão espaço a mais instrumentos científicos; à medida que a tecnologia se desenvolve, o tamanho dos instrumentos diminui e o peso e massa totais do veículo espacial diminuem também, aumentando a sua eficiência. Segundo Racca, ‘a propulsão helio-eléctrica abre o caminho da exploração espacial ao interior do Sistema Solar porque aí o Sol serve como combustível’.

Mais longe, onde a luz solar é mais fraca, uma nova fonte eléctrica é necessária, como por exemplo um gerador nuclear. Este é o próximo passo lógico para a tecnologia, de acordo com Giuseppe Racca: ‘Podem levar-nos à cintura de Kuiper e ainda mais longe’ . A cintura de Edgeworth-Kuiper estende-se para lá de Plutão e é um destino de sonho para muitos cientistas porque contém cometas cujo estado é o mesmo aquando da formação do Sistema Solar. Para além destes cometas, há ainda uma região misteriosa de campos magnétcicos e gases rarefeitos, conhecida como espaço interestelar, que os astrónomos adorariam explorar. A propulsão helio-eléctrica torna uma missão destas possível porque um motor iónico pode funcionar quase constantemente, sendo por isso mais indicado para voos longos.

‘A propulsão eléctrica como um todo, incluindo os tipos solar e nuclear, vai realmente permitir-nos iniciar uma nova era na exploração do Sistema Solar’, conclui Racca.

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