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O rover da Esa no deserto de Atacama
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A ESA testa um rover automático no deserto de “Marte”

19/06/2012 872 views 0 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

A ESA reuniu uma equipa de engenheiros de topo e desafiou-os a encontrar uma forma de conduzir rovers em planetas extraterrestres. Seis meses mais tarde, um rover totalmente autónomo conseguiu traçar o seu próprio rumo através do deserto Atacama, no Chile, como se estivesse em Marte.

O recente teste do rover todo-o-terreno, batizado de Seeker (buscador), é o resultado da reunião de uma equipa multidisciplinar no mesmo local a trabalhar contra-relógio para encontrar uma solução inovadora.

“O desafio era mostrar como um veículo terrestre - programado com software avançado para navegação autónoma e capacidade de decisão - poderia atravessar seis quilómetros num ambiente tipo Marte e voltar ao local de partida”, explicou Gianfranco Visentin da ESA.

Os rovers de longo alcance arriscam-se a ficar perdidos

A equipa do Seeker no deserto de Atacama
A equipa do Seeker no deserto de Atacama

As sondas de Marte não podem ser “orientadas” a partir da Terra porque os sinais de rádio demoram até 40 minutos para fazer a viagem a Marte e voltar. Por isso, são desenhadas para desempenharem as tarefas de forma autónoma.

“O rover da ESA ExoMars, que deverá aterrar em Marte em 2018, será o mais avançado em termos de autonomia”, acrescentou Gianfranco.

“No entanto, o ExoMars não irá viajar mais de 150 metros por cada dia marciano e não andará muito mais de três quilómetros ao longo da sua missão.

Imagem temporal do Seeker em movimento
Imagem temporal do Seeker em movimento

“A dificuldade vai estar nas missões de acompanhamento, o que exigirá travessias diárias cinco a 10 vezes mais longas.

"Com viagens mais longas, o rover perde progressivamente o sentido de orientação.

Rover aereo não tripulado (VANT) ajuda no roteiro
Rover aereo não tripulado (VANT) ajuda no roteiro

“Sem GPS em Marte, o robô apenas consegue determinar a distância a que está do ponto de partida, mas erros de estimação aumentam o risco das incertezas.”

A equipa tinha como objetivo fixar a sua posição num mapa para uma precisão de um metro. O Seeker usou a sua visão estéreo para mapear os seus arredores, avaliar quanto tinha andado e planear a sua rota, certificando-se de que iria evitar obstáculos.

Teste do deserto

Vista aérea
Vista aérea

Primeiro, os protótipos foram testados em ambientes fechados e ao ar livre. Depois, em maio, a equipa do Seeker levou o seu rover para o deserto de Atacama, um dos lugares mais secos do mundo, escolhido pelas suas semelhanças com as condições marcianas.

“A proximidade do Very Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul, foi uma vantagem adicional”, acrescentou Gianfranco. “O observatório ofereceu gentilmente refúgio para as noites frias e ventosas do deserto.”

Durante duas semanas a equipa colocou o rover em ação dentro de uma zona particularmente parecida com Marte. Como pais ansiosos, os engenheiros viram o Seeker a vaguear para fora do alcance das suas vistas, mantendo a vigilância apenas por rádio.

Os esforços diários da equipa culminaram no teste final, quando o Seeker foi programado para percorrer uma volta de seis quilómetros.

“Demorou um dia inteiro porque o Seeker anda no máximo a 0,9 quilómetros por hora”, lembrou Gianfranco.

Imagem temporal do Seeker atravessando uma colina
Imagem temporal do Seeker atravessando uma colina

“Mas foi um dia fora do normal. Os ventos do deserto que habitualmente contrariam o calor feroz do Sol desvaneceram-se.

“O rover ficou exageradamente quente e teve que ser interrompido perto do meio-dia. Depois, quando o vento finalmente começou já era demasiado tarde para completar o circuito antes do anoitecer.

“Conseguimos 5,1 quilómetros, um pouco curto para a nossa meta de seis quilómetros, mas um excelente resultado, considerando a variedade de terreno atravessado, as mudanças nas condições de iluminação e acima de tudo este foi o primeiro teste do rover todo-o-terreno da ESA, mas certamente não o último.”

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