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O Integral foi lançado ontem às 05h 41m (hora de Lisboa)
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A europa abre uma janela sobre o universo violento

18/10/2002 323 views 0 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

A Agência Espacial Europeia lançou ontem um novo observatório destinado a revolucionar o ramo da astrofísica que procura revelar os segredos dos fenómenos mais energéticos – e por isso os mais violentos – do universo. Pouco mais de 20 anos após a conclusão da missão COS-B. Esta missão tinha procedido à primeira carta geográfica completa do céu no domínio dos raios gama de altas energias.

No quadro de uma cooperação com a Rússia, foi escolhido um lançador russo Proton para colocar em órbita o observatório Integral (INTErnacional Gamma-Ray Astrophysics Laboratory). O lançador descolou hoje de Baikonur no Kazaquistão às 10h 41m locais (05h 41m de Portugal). Depois da reignição do seu último andar, ele colocou o Integral na sua órbita elíptica definitiva, a ser percorrida em 72 horas, e que permitirá que se aproxime da Terra entre apenas 10 000 km e 153 000 km, cerca de metade da distância à Lua. Controlado pelo centro operacional ESOC da ESA, em Darmstadt (Alemanha), o Integral vai ser submetido a um período de testes de dois meses, destinado numa primeira fase a verificar o bom funcionamento dos equipamentos a bordo do satélite e depois se os dados recolhidos são de boa qualidade.

O Integral foi desenvolvido pela Alenia Spazio (uma empresa italiana) com a participação de mais de 30 empresas europeias ligadas à Indústria. O satélite, com 4 toneladas de peso e 5 metros de altura, tem dois instrumentos principais, o espectrómetro SPI e uma câmara IBIS.

O Integral, composto por um conjunto complexo de instrumentos, vai ser submetido a um período de ensaios de dois meses.
O Integral, composto por um conjunto complexo de instrumentos, vai ser submetido a um período de ensaios de dois meses.

Desenvolvido sob a responsabilidade de uma equipa franco-alemã, o espectrómetro SPI irá conduzir uma análise espectral de fontes pontuais e de regiões onde haja actividade de raios gama, com uma resolução energética inigualável (40 vezes superior à dos satélites precedentes) graças aos detectores de germânio arrefecido até 85 K. Como os espelhos e as lentes não têm utilidade na detecção de raios gama, o SPI usa uma máscara metálica codificada para formar as suas imagens a partir dessas radiações extremamente incertas. Essas imagens são seguidamente descodificadas através de computadores.

A câmara IBIS, concebida pela Itália, constitui o parceiro perfeito para o SPI. Ela tem uma resolução energética inferior, mas uma resolução angular 12 vezes mais precisa graças a uma máscara codificada optimizada para esse propósito e duas camadas de detectores de última geração.

Para completar as observações realizadas pelo SPI e pelo IBIS, o Integral contém também uma câmara de raios X (JEM –X), com dois detectores gémeos, cada um possuindo também máscaras codificadas, e uma câmara CCD espanhola (OMC) que funciona na banda do espectro visível.

O Integral tem como prioridade o estudo dos objectos mais densos do céu.
O Integral tem como prioridade o estudo dos objectos mais densos do céu.

A combinação dos dados recolhidos por estes quatro instrumentos permitirá pela primeira vez conduzir observações simultâneas dos fenómenos de altas energias em sete ordens de magnitude, desde a luz visível até aos raios gama. Todos os dados recolhidos pelo Integral serão directamente transmitidos ao solo através das estações da ESA em Redu, na Bélgica, ou da NASA - outro parceiro do programa – em Goldstone, nos Estados Unidos. Estes dados serão centralizados no ESOC e redistribuidos à comunidade científica através do Centro de Dados Científicos do Integral (ISDC - Integral Scientific Data Centre) em Versoix, na Suiça.

Gravitando numa órbita que permite que passe a maior parte do tempo para além da cintura de radiação de Van Allen, que podem dificultar a observação dos raios gama, o Integral estudará prioritariamente o objectos mais densos do céu. Como as estrelas de neutrões e os buracos negros, que são todos fontes de radiações de altas energias. Enquanto o IBIS irá fornecer imagens muito detalhadas destas fontes, o SPI irá conduzir a primeira imagem em profundidade dessas radiações gama. As observações do Integral deverão permitir aos astrofísicos a confirmação da presença de buracos negros gigantes no centro das galáxias, começando pela Via Láctea.

No centro da nossa galaxia há intensas radiações gama.
No centro da nossa galaxia há intensas radiações gama.

Outras áreas de interesse do observatório de raios gama europeu incluirão acontecimentos de rara violência, tais como explosões de novas e supernovas. Estas irão ser exploradas com precisão graças aos raios gama emitidos pelos isótopos radioactivos emitidos nessas ocasiões. O Integral também irá ser um meio único para a observação de fulgurações de raios gama, estas explosões ainda largamente inexplicadas nos confins do universo, que poderão pela primeira vez ser estudadas em paralelo sob uma grande parte do espectro electromagnético.

O Integral é a segunda missão de média envergadura realizada no quadro do programa Horizon 2000, depois da sonda Huygens, cujo destino é Saturno e a sua lua Titã; a terceira será o observatório Planck, que irá estudar o ruído de fundo do universo a partir de 2007. A missão Integral deverá durar pelo menos dois anos.

Para informações complementares, queira contactar:
Serviço de Relações com os Media da ESA
Tel: + 33 (0) 1.53.69.7155
Fax: + 33 (0) 1.53.69.7690

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