A mais fria nave espacial de sempre, no ponto L2
Na passada Quinta-feira, à noite, os detectores do Instrumento de Alta Frequência do satélite Planck alcançaram a sua extraordinariamente baixa temperatura de funcionamento: - 273ºC, tornando o satélite no objecto, conhecido, mais frio do Espaço. O satélite também acaba de atingir a sua órbita definitiva, em torno do segundo ponto de Lagrande do sistema solar, conhecido como L2.
Planck está equipado com um sistema de refrigeração passivo que reduz a sua temperatura até aos -230ºC emitindo calor para o espaço. Três refrigeradores activos conseguem a partir daí reduzir ainda mais a temperatura até aos -273,05ºC, apenas 0,1ºC acima do zero absoluto – teoricamente, a temperatura mais baixa do Universo.
Estas temperaturas tão baixas são necessárias para que os detectores do Planck possam estudar a Radiação Cósmica de Fundo, a primeira luz emitida pelo Universo, apenas 380 mil anos após o Big Bang, medindo a sua temperatura em todo o céu.
Detectar o calor de um coelho na Lua
Os detectores irão procurar variações na temperatura da radiação da ordem da milionésima parte do grau – o que é comparável a detectar desde a Terra o calor gerado por um coelho sentado na Lua. Este é o motivo pelo qual os detectores devem estar a temperaturas próximas do zero absoluto (-273ºC, ou zero graus Kelvin).
Chegada ao ponto L2
A partir das 13:15 CEST da passada Quinta-feira, 2 de Julho, a Equipa de Controle da Missão Planck levou a cabo uma manobra de inserção em órbita, desenhada para posicionar o satélite na sua órbita definitiva, em torno do punto L2.
Uma vez enviado o comando, a manobra foi controlada de forma autónoma, pelo próprio satélite, que acendeu os seus motores durante um período de 12 a 14 horas. A manobra conduziu o satélite até à sua órbita operacional definitiva em torno do segundo ponto de Lagrange do sistema Sol-Terra, o L2.
O acender dos motores foi planeado de forma a ser mais curto do que o necessário, o que permitirá realizar uma pequena manobra de «ajuste fino» nos próximos dias que deixará o satélite perfeitamente situado na trajectória definitiva.
«Se bem que a manobra em si é rotineira, representa o último grande passo na longa viagem até ao L2, e toda a equipa está muito contente por ver como o Planck alcança finalmente a sua órbita operacional», comenta Chris Watson, Responsável de Operações do Satélite, a partir da Sala de Controle Dedicada da missão no Centro Europeu de Operações Espaciais da ESA, em Darmstadt, Alemanha.
A manobra foi desenhada para mudar a velocidade do satélite em 211,6 Km/hora, finalizando com uma velocidade de 1010 Km/hora, relativamente ao solo. Seguindo a Terra e o ponto virtual L2, Planck estará orbitando em torno do Sol a uma velocidade de 106 254 Km/hora (29,5 Km/segundo).
No início da manobra, o Planck estava situado a 1,43 milhões de quilómetros da Terra.
Operações científicas prestes a começar
Todas as actividades planeadas decorrem de acordo com o programa e esta fase da missão está praticamente terminada. Durante as próximas semanas será realizado um ajuste fino do funcionamento dos instrumentos para melhorar as suas prestações.
O Planck começará a cartografar o céu em meados de Agosto.
Nota:
As três etapas de refrigeração foram construídas por diferentes institutos, como parte do consórcio para a construção e entrega dos instrumentos do Planck- o Instrumento de Alta Frequência (HFI) e o de Baixa Frequência (LFI):
- O refrigerador de 20K: No Jet Propulsion Laboratory, Califórnia, Estados Unidos.
- O refrigerador de 4K: No Rutherford Appleton Laboratory (membro do consórcio para o HFI) en Didcot, e Astrium, ambos no Reino Unido.
- O refrigerador de 0.1K: Centre de Recherches des Très Basses Températures, em Grenoble, França e o Institut d’Astrophysique Spatiale, em Orsay, França (ambos membros do consórcio para o HFI), assim como DTA Air Liquide, tambén em Grenoble, França.