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Comet on 3 August 2014
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A nave Rosetta chega ao seu cometa de destino

06/08/2014 1750 views 8 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Depois de uma viagem de dez anos, rumo ao seu destino, a nave Rosetta da ESA tornou-se hoje na primeira nave a fazer um rendez-vous com um cometa, abrindo um novo capítulo na exploração do Sistema Solar.

O cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko e a Rosetta estão agora a 405 milhões de quilómetros da Terra, cerca de meio caminho entre a órbita de Júpiter e Marte, avançando em direção ao interior do Sistema Solar, a quase 55 000 quilómetros por hora.

O cometa está numa órbita de 6,5-anos , cujo ponto mais distante está para lá de Júpiter e o mais próximo do Sol está entre as órbitas de Marte e a Terra. A Rosetta irá acompanhá-lo durante mais de um ano enquanto o cometa anda à volta do Sol e se afasta em direção a Júpiter novamente.

Os cometas são considerados os blocos primitivos da construção do Sistema Solar e podem ter ajudado a «semear» a água na Terra, e talvez até os ingredientes da vida. Mas há muitas questões fundamentais em torno destes enigmáticos objetos que permanecem sem explicação, e através de um rigoroso estudoin situdo cometa, a Rosetta poderá revelar alguns destes segredos.

Comet on 3 August 2014
Comet on 3 August 2014

A viagem para o cometa não foi direta. Desde o seu lançamento em 2004, a Rosetta três passagens pela Terra e uma por Marte para ajudar na sua viagem rumo ao cometa. Durante esta viagem complexa, a Rosetta passou ainda pelo asteroide Steins e pelo Lutetia, recolhendo dados científicos e imagens únicas destes dois objetos.

“Ao fim de dez anos, cinco meses e quatro dias em viagem rumo ao destino, às voltas em torno do Sol e acumulando 6,4 mil milhões de quilómetros, estamos encantados por poder anunciar finalmente que ‘estamos aqui,’” disse Jean-Jacques Dordain, Diretor-Geral da ESA.

“A nave Rosetta da ESA é agora a primeira nave na história a fazer um rendez-vous com um cometa, um marco na exploração das nossas origens. As descobertas podem agora começar. ”

Hoje assistimos à última de uma série de dez manobras de rendez-vous que tiveram início em maio para afinar a velocidade e trajetória da Rosetta gradualmente, ajustando--as com a velocidade e trajetória do cometa. Se alguma destas manobras tivesse falhado, a missão falharia e a nave teria passado pelo cometa.

“A conquista de hoje é o resultado de um enorme esforço internacional, ao longo de décadas,” diz Alvaro Giménez, Diretor de Ciência e Exploração Robótica da ESA.

“Percorremos um longo caminho desde as primeiras discussões sobre a missão, nos finais dos anos 70 do século passado e a sua aprovação em 1993. Agora estamos preparados para abrir uma arca do tesouro de descobertas científicas que está destinada a reescrever os livros de texto sobre os cometas pelas próximas décadas.”

Comet activity on 2 August 2014
Comet activity on 2 August 2014

O cometa começou a revelar a sua personalidade enquanto a Rosetta fazia a aproximação. Imagens captadas pela câmara OSIRIS entre o final de abril e o início de junho mostraram que a sua atividade era variável. A ‘cabeleira’ do cometa – uma cobertura de gás e poeira – tornou-se rapidamente mais brilhante para depois morrer ao longo daquelas seis semanas.

No mesmo período, as primeiras medições feitas pelo instrumento de micro-ondas para o orbitador Rosetta, MIRO, sugeriram que o cometa estava a emitir vapor de água para o espaço a uma taxa de cerca de 300 mililitros por segundo.

Entretanto, o instrumento VIRTIS (Infrared Thermal Imaging Spectrometer) mediu a temperatura média do cometa, cerca de -70ºC, o que indica que a sua superfície é predominantemente escura e poeirenta em vez de limpa e gelada.

Depois, imagens deslumbrantes tiradas a uma distância de cerca de 12 mil quilómetros começaram a revelar que o núcleo é composto por dois segmentos distintos, unidos por um ‘pescoço’, dando-lhe a aparência de um pato. As imagens seguintes mostraram cada vez mais pormenores – a imagem de alta resolução mais recente foi descarregada da nave hoje e estará disponível esta tarde.

“A primeira visão clara do cometa deu-nos muito o que pensar,” diz Matt Taylor, cientista de projeto da ESA para a Rosetta .

“Será esta uma estrutura em duplo lóbulo, que resultou da junção ao longo da história do Sistema Solar de dois cometas separados, ou estamos perante um cometa que se foi erodindo de forma drástica e assimétrica ao longo do tempo? A Rosetta está na melhor posição para estudar estes objetos únicos e responder-nos a estas perguntas.”

Arriving at a comet
Arriving at a comet

Hoje, a Rosetta está a apenas 100 km da superfície do cometa, mas irá aproximar-se mais ainda. Ao longo das próximas seis semanas, irá descrever duas trajetórias triangulares em frente ao cometa, primeiro a uma distância de 100 km e depois a 50 km.

Paralelamente, o conjunto de instrumentos irá fornecer um estudo científico detalhado do cometa, examinando a superfície à procura de um local de aterragem para o lander Philae.

A Rosetta poderá mesmo chegar aos 30 quilómetros de distância, descrevendo uma órbita quase circular, e, dependendo da atividade do cometa, chegar ainda mais próximo.

“A chegada ao cometa é apenas o princípio de uma aventura ainda maior. Grandes desafios surgirão à medida que aprendemos a trabalhar neste ambiente desconhecido, iniciamos a órbita, e eventualmente, aterramos,” diz Sylvain Lodiot, diretor de operações da nave Rosetta para a ESA.

No final de agosto, já terão sido identificados cinco possíveis locais de aterragem, e o local principal será escolhido em meados de setembro. A cronologia para a sequência de eventos de instalação do Philae – prevista para 11 de novembro – será confirmada em meados de outubro.

“Ao longo dos próximos meses, além da caracterização do núcleo do cometa e definição do resto da missão, serão ainda iniciadas as preparações finais para outra estreia na história: a aterragem num cometa,” diz Matt.

“Depois da aterragem, a Rosetta irá continuar a acompanhar o cometa até à sua aproximação máxima ao Sol, em agosto de 2015, e, para além disso, irá observar o seu comportamento de perto, fornecendo-nos uma perspetiva única e uma experiência em tempo real sobre a forma como um cometa funciona, à medida que se desloca à volta do Sol.

Notas para os Editores:

A Rosetta acordou da hibernação no espaço profundo às 18:18 GMT a 20 de janeiro de 2014, a nove milhões de quilómetros do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko. Seguindo-se ao acordar, os 11 instrumentos do orbitador e os 10 instrumentos científicos do lander foram reativados e preparados para as observações científicas. Foram feitas dez manobras de correção orbital entre 7 de maio e 6 de agosto, reduzindo a velocidade da nave em relação ao cometa, de 775 m/s para 1 m/s, o equivalente ao ritmo da passada. Cada uma destas manobras foi crítica: se alguma tivesse falhado, o rendez-vous não teria sido possível. Mais informação sobre estas manobras pode ser encontrada no blog da Rosetta:http://blogs.esa.int/rosetta/

A mais recente imagem da chegada será apresentada na sessão científica de hoje, ‘Rosetta comet rendezvous’, um evento no Centro de Operações da ESA, ESOC, em Darmstadt, Alemanha, e será publicada online no Portal da ESA.

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