O Herschel detecta grandes quantidades de água num disco protoplanetário
O observatório espacial da ESA, Herschel, detectou emissões de vapor de água num disco de pó que rodeia uma estrela jovem. Estas emissões revelam que existe um reservatório de gelo do tamanho de milhares de oceanos.
A estrela TW Hydrae, que terá entre cinco e 10 milhões de anos, e está apenas a 176 anos-luz, está na fase final da sua formação e está rodeada de um disco de pó e gás que poderá condensar, formando um conjunto de planetas.
Acredita-se que grande parte da água da Terra tenha vindo à boleia dos cometas, que bombardearam o nosso planeta, durante e após a sua formação. Uma hipótese reforçada pela descoberta recente, feita pelo Herschel, de água com características semelhantes à da Terra no cometa 103P/Hartley 2. No entanto, até agora ainda não se sabia quase nada acerca dos reservatórios de água nos discos protoplanetários em torno de outras estrelas.
Esta detecção é a primeira do género e só foi possível graças ao instrumento HIFI do Herschel.
Pensa-se que o vapor se forma quando a radiação ultra-violeta atinge os grãos de pó, revestidos de gelo, que formam um disco à volta da estrela TW Hydrae. Este reservatório pode ser uma fonte de água para os planetas que se venham a formar em torno da jovem estrela.
"A detecção de água agarrada aos grãos de pó do disco mostra um processo semelhante aos eventos que ocorreram durante a evolução do nosso próprio Sistema Solar, em que ao longo de milhões de anos grãos de pó semelhantes se juntaram para formar os cometas," diz Michiel Hogerheijde, da Universidade de Leiden, na Holanda, responsável pelo estudo.
"Acreditamos que estes cometas foram uma fonte de água para os planetas."
A dimensão das reservas de gelo nas regiões de formação de planetas foi calculada através de simulações computacionais, juntando os novos dados do Herschel a observações feitas em terra e a dados recolhidos pelo telescópio Spitzer da NASA.
A quantidade total de água armazenada no disco à volta da TW Hydrae é o equivalente a milhares de oceanos terrestres.
"Já está reservado tempo de observação no Herschel para o estudo de diferentes regiões de formação de planetas em torno de outras três estrelas," diz Hogerheijde.
"Esperamos encontrar resultados semelhantes em termos de detecção de água, mas como as nossas próximas observações serão em objectos que estão até três vezes mais longe do que a TW Hydrae, iremos precisar de muito mais horas de observação."
Esta investigação abre novas portas à compreensão do papel da água nos discos protoplanetários e oferece uma nova base de testes para a pesquisa da forma como a água veio para o nosso planeta.
"Com o Herschel podemos seguir o rasto da água durante todos os passos da formação das estrelas e dos planetas," nota Göran Pilbratt, cientista de projecto Herschel, na ESA.
"Neste caso estamos a estudar a matéria-prima para a formação dos planetas, o que é fundamental para a compreensão da forma como os sistemas planetários, como o nosso Sistema Solar, se formaram."