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Estruturas de poeira, num raio de 500 anos luz do Sol
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Planck capta um tapede de pó frio

17/03/2010 272 views 0 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

A última imagem obtida pelo satélite Planck, da ESA, mostra filamentos gigantes de pó frio que se estendem ao longo da nossa Galáxia. A análise destas estruturas poderá ajudar a determinar as forças que dão forma à nossa Galáxia e que estão na origem da formação das estrelas.

O telescópio Planck foi desenhado, principalmente, para estudar os maiores mistérios da cosmologia:Como se formou o Universo? Como se formaram as galáxias? Agora, esta nova imagem, leva a investigação até às estruturas de pó frio que se estendem pela nossa Galáxia.

A imagem mostra a estrutura em filamentos de pó na vizinhança do nosso Sistema Solar – até cerca de 500 anos-luz do Sol. Os filamentos partem da Via Láctea, a região a rosa, na horizontal, na parte inferior da imagem. Nesta zona, a radiação vem de muito mais longe, do lado oposto do disco da nossa Galáxia.

Esta imagem foi colorida, de forma a ser possível avaliar as diferenças de temperatura nas estruturas do pó. Os tons branco-rosado identificam o pó que se encontra umas dezenas de graus acima do zero absoluto, enquanto as zonas com cores mais intensas indicam o pó com temperaturas à volta dos -261°C, apenas 12 graus acima do zero absoluto. O pó mais quente é aquele que está concentrado no plano da Galáxia, enquanto aquele que está em suspensão, acima e abaixo do disco galáctico, está a uma menor temperatura.

A região demarcada pelo quadrado corresponde ao local agora examinado pelo Planck
A região demarcada pelo quadrado corresponde ao local agora examinado pelo Planck

“Para já não compreendemos a razão destas estruturas de forma tão peculiar”, nota Jan Tauber, Cientista do Projecto Planck para a ESA. As zonas mais densas são conhecidas como nuvéns moleculares, enquanto as mais difusas recebem o nome de ‘cirros’. Quer uma quer outra são formadas por pó e por gás, apesar de o gás não poder ser observado directamente nas imagens.

Há muitas forças em acção na nossa Galáxia, que levam as nuvéns moleculares e os cirros a adquirir esta forma de filamento. Por exemplo, a larga escala, a Galáxia roda, o que origina padrões espiralados de estrelas, pó e gás. A gravidade exerce uma grande influência, puxando o pó e o gás. A radiação e os jactos de partículas das estrelas empurram o pó e o gás que as rodeia. Os campos magnéticos também têm influência nestas estruturas, apesar de se desconhecer até que ponto.

Os locais mais brilhantes na imagem correspondem a aglomerados de matéria, onde pode ocorrer a formação de estrelas. À medida que estes aglomerados encolhem, tornam-se mais densos, isolando o seu interior da influência da luz e da radiação, o que leva a que arrefeçam com mais facilidade, colapsando mais rapidamente.

Estrutura em filamentos, na grande e na pequena escala, na Via Láctea
Estrutura em filamentos, na grande e na pequena escala, na Via Láctea

O telescópio espacial Herschel da ESA pode ser utilizado para estudar este tipo de regiões con mais detalhe, no entanto, só o Planck é capaz de detectá-las em todo o Universo. O Herschel e o Planck foram lançados juntos em Maio de 2009 e os dois instrumentos estudam os componentes mais frios do Universo. O Planck estuda as grandes estruturas, enquanto o Herschel realiza observações detalhadas de regiões mais pequenas, tais como as regiões vizinhas de formação de estrelas.

Com estes resultados, surge a pergunta: por que razão a nossa Galáxia apresenta esta estrutura de filamentos tanto na pequena como na grande escala? “É uma grande questão”, conclui Tauber.

A nova imagem é uma combinação dos dados obtidos pelo Instrumento de Alta Frequência (HFI) do Planck, no comprimento de onda entre os 540 e os 350 micrómetros, e de uma imagem de 100 micrómetros obtida pelo satélite IRAS, em 1983.

Os dados enviados pelo HFI foram obtidos como parte da primeira análise do Planck em todo o céu, nos comprimentos de onda da ordem das microondas. À medida que o satélite gira sobre o seu eixo, os seus instrumentos vão fazendo um varrimento ao céu. Em cada rotação, cruzam a Via Láctea duas vezes, pelo que durante a missão de Planck de registar a radiação de fundo do Big Bang também estão a ser produzidos mapas da nossa Galáxia com um elevado nível de detalhe.

Para mais informações:

Jan Tauber, Planck Project Scientist
European Space Agency
Email: Jan.Tauber @ esa.int

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