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Explosão no cometa
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Rosetta captura uma explosão no cometa

26/08/2016 834 views 5 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Em observações sem precedentes realizadas no início do ano, inesperadamente, a sonda Rosetta capturou uma dramática explosão no cometa que pode ter sido desencadeada por um deslizamento de terra.

Nove dos instrumentos da Rosetta, incluindo as suas câmaras, coletores de poeiras, e analisadores de gases e plasma estavam a monitorizar o cometa, a cerca de 35 km, numa coordenada sequência planeada quando a explosão aconteceu a 19 de Fevereiro.

“Ao longo do último ano, a Rosetta mostrou que, embora a atividade possa ser prolongada, quando se trata de explosões, o momento é altamente imprevisível, de modo que capturar um evento como este foi pura sorte” diz Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta da ESA.

“Por uma feliz coincidência, estávamos a apontar a maioria dos instrumentos ao cometa nesse momento e, tendo estas medições simultâneas fornece-nos o mais completo conjunto de dados sobre uma explosão alguma vez recolhidos.”

Evolução da explosão num cometa
Evolução da explosão num cometa

Os dados foram enviados para a Terra apenas alguns dias após a explosão, mas a análise subsequente permitiu uma reconstrução clara da cadeia de acontecimentos, como descrito num artigo liderado por Eberhard Grün do Instituto de Física Nuclear Max-Planck, Heidelberg, aceite para publicação em ‘Monthly Notices of the Royal Astronomical Society’.

Que instrumentos detetaram a explosão?
Que instrumentos detetaram a explosão?

Um forte brilho de poeira vindo do cometa foi observado pela câmara de ângulo amplo OSIRIS às 09:40 GMT, desenvolvendo-se numa região do cometa que estava inicialmente na sombra.

Durante as duas horas seguintes, a Rosetta registou impressões de explosões que excederam os níveis de fundo nalguns instrumentos por fatores de até uma centena. Por exemplo, entre cerca das 10:00-11:00 GMT, ALICE presenciou o brilho ultravioleta da luz solar refletida pelo núcleo e o aumento de poeira emitida por um fator de seis, enquanto ROSINA e RPC detetaram um aumento significativo no gás e no plasma, em torno da sonda, por um fator de 1.5-2.5, respetivamente.

Além disso, MIRO registou um aumento de 30°C na temperatura do gás circundante.

Pouco depois, a Rosetta foi atingida pela poeira: GIADA gravou uma contagem máxima de acerto por volta das 11:15 GMT. Quase 200 partículas foram detetadas nas três horas seguintes, em comparação com uma taxa típica de 3-10 coletadas noutros dias no mesmo mês.

Ao mesmo tempo, imagens da câmara de ângulo estreito OSIRIS começaram a registar grãos de poeira emitidos durante a explosão. Entre as 11:10 GMT e as 11:40 GMT, uma transição ocorreu a partir de grãos de poeira que estavam distantes ou lentos o suficiente para aparecerem como pontos nas imagens, para aqueles que estavam perto ou rápidos o suficiente para serem capturados como trilhos durante as exposições.

Além disso, os rastreadores de estrela, que são utilizados para navegar e ajudar a controlar a posição da Rosetta, mediram um aumento da luz dispersa a partir de partículas de pó como resultado da explosão.

Os rastreadores de estrelas são colocados a 90º para o lado da sonda espacial que contem a maioria dos instrumentos científicos, por isso proporcionaram uma perspetiva única sobre a estrutura 3D e evolução da explosão.

Os astrónomos na Terra também notaram um aumento na densidade coma nos dias após a explosão.

Localização da explosão
Localização da explosão

Ao examinar todos os dados disponíveis, os cientistas acreditam ter identificado a origem da explosão.

“A partir de observações da Rosetta, acreditamos que a explosão teve origem a partir de uma encosta íngreme no grande lobo do cometa, na região de Atum”, diz Eberhard.

O fato da explosão ter começado após esta área ter acabado de sair da sombra sugere que as tensões térmicas na superfície do material podem ter provocado um deslizamento de terra que expôs gelo de água fresca, produzindo iluminação solar. O gelo transformou-se então imediatamente em gás, arrastando consigo a poeira circundante para produzir a nuvem de detritos observada por OSIRIS.

“A combinação da evidência das imagens de OSIRIS com a longa duração da fase de impacto de poeiras GIADA leva-nos a crer que o cone de poeira era muito amplo”, diz Eberhard.

“Como resultado, pensamos que a explosão deve ter sido desencadeada por um deslizamento de terra na superfície, em vez de um jato mais focado trazendo material fresco a partir de dentro do interior, por exemplo."

“Vamos continuar a analisar os dados, não só para aprofundar os detalhes deste evento particular, mas também para perceber se ele nos pode ajudar a compreender melhor as muitas outras explosões testemunhadas ao longo da missão”, acrescenta Matt.

“É ótimo ver as equipas dos instrumentos trabalhando juntas na importante questão de como as explosões nos cometas são acionadas."

Notas aos editores

The 19 Feb. 2016 outburst of comet 67P/CG: A Rosetta multi-instrument study,” por E. Grün et al encontra-se publicado em Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. doi: 10.1093/mnras/stw2088

Para informações adicionais, é favor contactar:

Eberhard Grün
Max-Planck-Institute for Nuclear Physics, Heidelberg, Germany
Email: eberhard.gruen@mpi-hd.mpg.de

Matt Taylor
ESA Rosetta project scientist
Email: matthew.taylor@esa.int

Markus Bauer 



ESA Science and Robotic Exploration Communication Officer




Tel: +31 71 565 6799





Mob: +31 61 594 3 954





Email: markus.bauer@esa.int




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