Rosetta triunfa no asteróide Lutécia
O asteróide Lutécia é afinal um mundo cheio de crateras. A missão Rosetta, da ESA, enviou as primeiras imagens aproximadas do asteróide, mostrando que é muito provavelmente um sobrevivente primitivo do violento nascimento do Sistema Solar.
A passagem foi um sucesso estrondoso, com a Rosetta a actuar sem falhas. A maior aproximação aconteceu às 18:10 CEST, a uma distância de 3162 Km.
As imagens mostram que o asteróide está carregado de crateras, tendo sofrido imensos impactos durante a sua existência de 4,5 mil milhões de anos. À medida que a Rosetta se aproximava, uma depressão gigante, em forma de bola, que se estende ao longo do Lutécia, começou a aparecer. As imagens confirmam que o Lutécia é um corpo alongado, com o seu lado mais comprido de 130 Km.
As imagens foram captadas com o instrumento da Rosetta, OSIRIS, que combina uma grande angular com uma pequena angular. Nas aproximações, podemos ver imagens de toda a superfície do Lutécia, numa escala de 60 metros.
«Eu acredito que se trate de um objecto muito antigo. Hoje observámos um resquício da criação do Sistema Solar,» diz Holger Sierks, investigador principal do OSIRIS, do Instituto Max Planck para a Investigação do Sistema Solar, em Lindau, na Alemanha.
A corrida pelo asteróide
A Rosetta passou a uma velocidade de 15Km/s, completando a passagem em apenas um minuto. Mas as cameras e os outros instrumentos continuaram a fazer o seu trabalho durante horas, e, em alguns casos dias, e vão continuar. Pouco depois da aproximação, a Rosetta começou a transmitir dados para a Terra para processamento.
O Lutécia permaneceu um mistério durante anos. Os telescópios de terra tinham mostrado que apresenta características contraditórias. Em alguns aspectos lembra um asteróide do tipo C, um corpo primitivo deixado pela formação do Sistema Solar. Noutros, parece um tipo M. Estes têm sido associados aos meteoritos de ferro, são geralmente avermelhados e pensa-se que sejam fragmentos do centro de outros objectos maiores.
As novas imagens e os dados dos outros instrumentos da Rosetta irão ajudar a decidir mas não para já. Para tal, é necessária informação sobre a composição do asteróide.
Sensores investigam o Lutécia
Durante o encontro, estavam operacionais uma série de sensores, incluindo a percepção remota e as medidas no local. Parte da carga do lander Philae também foi activada. Juntos, procuraram evidência de uma atmosfera muito ténue, efeitos magnéticos, e estudaram a composição à superfície tal como a densidade do asteróide.
A passagem faz parte de um dos principais objectives científicos da Rosetta. A nave vai continuar até 2014, altura em que se encontrará com o alvo principal da sua missão, o cometa Churyumov-Gerasimenko. Irá então acompanhar o cometa durante meses, desde uma órbita próxima de Júpiter até à sua aproximação máxima ao sol. Em Novembro de 2014, a Rosetta irá libertar o lander Philae no núcleo do cometa.
«Wunderbar!» diz David Southwood, Director de Ciência e Exploração Robótica da ESA, «Foi um belo dia para a exploração, um grande dia para a ciência europeia. A precisão temporal é um grande tributo para os cientistas e engenheiros a trabalhar nos Estados Membros, para a indústria e para a própria ESA. Continuemos até ao encontro com o cometa em 2014.» Para já, a análise dos dados do Lutécia é o foco da equipa de instrumentos da Rosetta. Há uns dias, o Lutécia era um estranho distante. Agora, graças à Rosetta, tornou-se num amigo chegado.