Satélites ajudam a melhorar cuidados de saúde no Haiti
Os terramotos, tsunamis e furacões acarretam custos muitos elevados para as populações afetadas, em muitas partes do mundo. Algumas comunidades lutam há anos pela reconstrução sem terem acesso a necessidades básicas, como cuidados de saúde adequados. Agora, os satélites podem ajudar a tornar esta transição mais fácil.
A empresa social Local Insight Global Impact (LIGI), de Portugal, o Instituto de Medicina Espacial (MEDES), em França, apoiados pela ESA através do seu programa de aplicações integradas, desenvolveram um novo sistema que facilita o acesso a cuidados de saúde utilizando telefones e navegação via satélite.
Este sistema foi projetado para as regiões onde os profissionais de saúde são escassos e onde as comunicações são limitadas devido aos danos causado pelos desastres naturais, já que os cabos de telefone são muitas vezes derrubados, tornando as redes telefónicas inúteis.
O sistema tem sido utilizado com sucesso no Haiti, onde o sismo de 2010 deixou a sua marca devastadora.
Em muitas regiões do Haiti, as unidades de saúde são raras e distantes entre si. Mesmo quando alguém decide deslocar-se a um posto médico, é muito provável que não encontre ninguém para lhe prestar cuidados de saúde.
Este sistema ajuda a suprir a falta de cuidados de saúde locais, assegurando que qualquer pessoa em qualquer lugar pode ser ensinada a relatar com precisão os sintomas de um paciente.
Usando uma interface especial desenvolvida para satélites e smartphones, o sistema conduz o utilizador através de uma série de passos que lhe permitem enviar dados por mensagens SMS, via satélite ou através de um sistema terrestre, se disponível. A informação enviada por SMS é depois processada por sistemas de saúde locais e nacionais através de um portal de Internet.
A resposta sobre como atuar com o paciente pode ser assim obtida em poucos minutos. Por exemplo, se após o diagnóstico se perceber que o paciente precisa de cuidados médicos sérios, o pedido é transmitido imediatamente.
Uma vez que estes dados são enviados em tempo real, o sistema poderá também ajudar à detecção precoce de potenciais epidemias através da análise de tendências sintomáticas.
Os sinais Satnav são usados para etiquetar geograficamente (“geo-tag”) o registro dos sintomas, simplificando o mapeamento dos dados recolhidos.
Isto ajuda a localizar epidemias potenciais com base nos sintomas relatados. A localização geográfica (“geo-tagging”) também pode ajudar a colocar os pacientes em contato com o centro de saúde mais próximo.
O sistema foi já testado durante cinco meses em Carrefour, um bairro pobre de Port-au-Prince, onde 10 professores das áreas urbanas e rurais foram ensinados a usar esta interface.
Foram enviadas mais de 4.300 descrições de sintomas, o que permitiu aos profissionais de saúde diagnosticar e prescrever tratamentos quase imediatamente.
“Mostrámos que a interface é fácil de usar e que mesmo os não-profissionais de saúde podem ser treinados para usá-lo”, explica Susana Frazão Pinheiro, CEO da LIGI.
“Este sistema pode fazer com que a saúde básica se torne mais universal, usando de forma mais eficiente e eficaz recursos, informação e conhecimento."
A LIGI e o MEDES irão expandir o sistema no Haiti para incluir áreas mais remotas.