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Semana Mundial da Água: o papel da ESA na atenuação da escassez de água

28/08/2018 471 views 4 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

A água é crucial para a vida na Terra. Mas, hoje em dia, a sua superexploração e poluição apresentam desafios para o meio ambiente, economia e padrões de vida globais. Estas questões são abordadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Sustainable Development Goals - SDGs) das Nações Unidas e pela Semana Mundial da Água, que decorre de 26 a 31 de agosto de 2018, em Estocolmo.

A Semana Mundial da Água oferece uma oportunidade ideal para milhares de participantes da academia, indústria e governo trocarem ideias sobre o tema “água, ecossistemas e desenvolvimento humano” deste ano. Organizado pelo Instituto Internacional da Água de Estocolmo, o fórum de uma semana promove ações colaborativas para ajudar a resolver a iminente crise da água. O evento ocorre enquanto a Europa se recupera de um verão excepcionalmente seco e quente, o que causou uma seca em países do norte como a Suécia e a Dinamarca.

Como participante da conferência, a Agência Espacial Europeia (ESA) está a realizar uma sessão sobre o uso de Big Data e observação da Terra para a monitorização do SDG 6 (Água limpa e saneamento). A ESA reconhece a urgência dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relacionados à água.

A escassez de água afeta mais de 40% da população mundial e, uma em cada quatro pessoas viverá, provavelmente, num país que sofre de escassez crónica ou recorrente de água doce, até 2050, devido a mudanças climáticas e outras causas, segundo as Nações Unidas. O Relatório Global de Riscos 2018 do Fórum Económico Mundial cita as crises hídricas como um dos cinco maiores riscos para a sociedade.

 

 

As a participant at the conference, the European Space Agency (ESA) is co-convening a session on the use of Big Data and Earth observation for the monitoring of SDG 6 (Clean water and sanitation). ESA recognises the urgency of the water-related Sustainable Development Goals.

Water scarcity affects more than 40 percent of the world’s population, and one in four people is likely to live in a country suffering from chronic or recurring shortages of fresh water by 2050 due to climate change and other causes, according to the United Nations. The World Economic Forum’s Global Risks Report 2018 cites water crises as posing one of the five biggest risks to society. 

“A Semana Mundial da Água é a ocasião ideal para partilhar informações sobre um recurso cada vez mais escasso, enquanto continuamos a trabalhar com os nossos usuários de dados de satélite para o desenvolvimento de práticas sustentáveis de utilização da água através de projetos inovadores,” diz Benjamin Koetz, cientista que desenvolve novas aplicações para a Direção do Programa de Observação da Terra da ESA.

Os satélites são uma ferramenta essencial para cartografar e monitorizar corpos de água a partir do espaço. Instrumentos ópticos e de radar podem identificar mudanças na área, e os espectrómetros medem a qualidade da água aplicando algoritmos à cor da água. A missão de Humidade e Salinidade Oceânica (Moisture and Ocean Salinity - SMOS) da ESA também cartografa a humidade do solo, como um meio de fornecer um sistema de alerta antecipado para as secas e eventos climáticos extremos.

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Em resposta à necessidade urgente de informação sobre a água em países africanos, as iniciativas TIGER da ESA e de Observação da Terra para o Desenvolvimento Sustentável (EO4SD) estão a apoiar as autoridades nacionais e transfronteiriças da água na utilização de dados de satélite para gerir o abastecimento de água.

 

Para o TIGER, a Universidade Stellenbosch da África do Sul aplica um programa informático de aprendizagem aos dados das missões Sentinel-1 e Sentinel-2 de Copernicus, para monitorizar os níveis de água na Represa Theewaterskloof, uma importante fonte de água para a região de Western Cape, que inclui a Cidade do Cabo.

A ESA divulgou a sua primeira base de dados completa com a listagem das atividades realizadas pela Agência e os seus provedores de serviços para tornar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável uma realidade. Entre estas atividades, está o Sistema de Reciclagem de Água Cinza, operado na base de Concordia, na Antártida. A água usada anteriormente para lavar ou cozinhar é reciclada num processo de múltiplas etapas, envolvendo um favo de mel de cerâmica cheio de buracos, 700 vezes mais finos do que um fio de cabelo humano, seguido por um par de membranas que produzem água limpa. O projeto aborda quatro SDGs e é supervisionado pela diretoria de Exploração Humana e Robótica (HRE) da ESA. O mesmo tipo de tecnologias foi aplicado numa universidade no Marrocos, para fornecer água doce e energia para 1200 estudantes, a partir de águas subterrâneas ricas em nitratos e fertilizantes, e com energia solar e eólica.

A GlobWetland é outro exemplo da contribuição da ESA para os SDGs. Este projeto inclui o desenvolvimento de um Sistema Global de Observação das Zonas Húmidas e a utilização de informação por satélite para medir o estado ecológico das zonas húmidas em África. Os pântanos são vitais para os ecossistemas e a diversidade biológica da Terra, nos quais inúmeras espécies de plantas e animais dependem para a sua sobrevivência.

O projeto também se irá preparar para a exploração dos futuros satélites Sentinel do programa Copernicus. Em particular, a missão Sentinel-2 fornecerá observações ópticas sistemáticas de todas as zonas terrestres e costeiras. A GlobWetland faz parte de um esforço para cumprir as obrigações da Convenção Intergovernamental de Ramsar sobre Áreas Húmidas, que entrou em vigor em 1975. O projeto trata diretamente do SDG 15 (Vida Terrestre), além do SDG 6.

Estes são apenas alguns dos projetos da ESA que estão a ajudar a conservar a água e a cumprir os ODS relacionados. Outras atividades nas áreas de tratamento de águas residuais, a utilização da água para a agricultura e a recuperação de água a partir de resíduos orgânicos também estão a contribuir para reduzir a escassez de água.

“A vasta gama de projetos da ESA que visam os SDGs destaca o grande potencial da tecnologia espacial para ajudar a resolver uma variedade de problemas de água em diferentes sectores,” diz Koetz. “O compromisso da ESA nesta área apoia o esforço mais amplo para abordar a crise da água em várias frentes em parceria com partes interessadas internacionais, como a ONU, a UNESCO e o Banco Mundial.”

Os dados de satélite da ESA são um lembrete constante de que a água é um bem precioso aqui na Terra. Ao ajudar as autoridades da água, agências da ONU, bancos de desenvolvimento e cientistas a identificar possíveis pontos problemáticos, a ESA ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, enquanto se esforça para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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