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À procura das ondas que são uma "outra janela para o universo"

17/07/2015 424 views 5 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Há cem anos, Albert Einstein declarava que o universo é atravessado pelas chamadas 'ondas gravitacionais'. Trata-se de ecos produzidos pela expansão inicial do universo, responsáveis por modulações no espaço e no tempo. Supostamente, essas ondas podem ajudar-nos a conhecer melhor fenómenos como os buracos negros. Mas tudo isto é ainda teórico, porque continuamos à procura de provas da sua existência. 

No entanto, Paul McNamara, da "Agência Espacial Europeia (ESA)", fala com convicção: "As ondas gravitacionais vêm de todo o universo. Atravessam as estrelas, as galáxias, eu, você, a Terra, tudo."E Michèle Heurs, professora na Universidade Leibniz, em Hanover, recorre a imagens para falar do assunto: "Se eu for atingida por uma onda gravitacional, posso tornar-me mais alta e estreita, ou mais larga e achatada, mas em proporções ínfimas."

A questão está em finalmente conseguir detetá-las e comprovar a teoria. Por isso, foram construídos sistemas de elevadíssima precisão para tentar identificar estas remotas modulações. Um deles encontra-se em Hanover. "Este é o GEO600. Tem braços que se estendem ao longo de 600 metros para um lado e para o outro. Nesta vala, existe um tubo de vácuo onde se ativam feixes de laser de alta intensidade", explica-nos Karsten Danzmann, diretor do "Instituto Albert Einstein", em Hanover. 

A experiência consiste em medir a diferença relativa no comprimento dos dois feixes de laser. Uma onda gravitacional provocaria uma ligeira, mas mensurável, alteração nos dois raios. Nas expetativas, não há relatividade: se estas ondas forem identificadas, será uma revolução no mundo da astronomia. 

Segundo Michèle Heurs, "é uma outra janela para o universo. Até agora, as observações fazem-se através de ondas eletromagnéticas e neutrinos. As ondas gravitacionais representam uma forma completamente diferente de olhar para o universo, que não assenta na emissão do que pensamos ser luz."

"A única forma de radiação que um buraco negro emite é gravitacional. Isto porque um buraco negro distorce o espaço e o tempo à sua volta, criando modulações que se propagam e nos vêm contar exatamente o que aconteceu", remata Karsten Danzmann. 

A resposta pode passar pela aventura LISA Pathfinder

Se quisermos multiplicar as possibilidades de detetar estas ondas, temos de ir rumo ao espaço. Por isso, a Agência Espacial Europeia está a criar um módulo sem paralelo. Vicki Lonnon apresenta-nos a _"nave LISA Pathfinder, o módulo, que será lançado, esperamos nós, por volta de outubro deste ano." 

Paul McNamara, coordenador do projeto na ESA, conta que começou _"a trabalhar nos detetores espaciais de ondas gravitacionais há 21 anos. Ou seja, estar hoje aqui com o módulo atrás de mim parece-me inacreditável. Levámos 21 anos até chegar a este ponto, entre suor e lágrimas. Agora é altura de nos rejubilarmos." 

Na verdade, o "LISA Pathfinder"não vai medir ondas gravitacionais. Vai sim testar a tecnologia para o fazer, que assenta em dois cubos de ouro platinado que flutuam livremente no interior do módulo para registar as mais pequenas alterações. Se funcionar, amplia-se a magnitude da missão, com três naves alinhadas através de lasers. 

"Depois do LISA Pathfinder, lançamos as outras duas naves e situamo-las a 5 milhões de quilómetros de distância. Cada módulo terá um cubo e nós medimos a distância entre eles"_, precisa McNamara. 

Karsten Danzmann não hesita em realçar que "todo o universo interage através da gravidade. Nós esperamos que as ondas gravitacionais nos permitam descobrir o lado obscuro do universo. Ninguém sabe o que vamos encontrar."