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Satélite capta desintegração de gelo na Antártida

09/04/2012 581 views 0 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Na altura em que completa dez anos em órbita, o satélite da ESA Envisat continua a observar o rápido desaparecimento de uma das placas de gelo da Antártida, devido ao aquecimento climático.

Uma das primeiras observações do satélite, após o seu lançamento em 1 de Março de 2002, foi a rotura de uma das secções principais da plataforma de gelo Larsen B, na Antártida, - quando 3200 quilómetros quadrados de gelo se desintegraram em poucos dias devido a instabilidades mecânicas nas massas de gelo, desencadeadas pelo aquecimento climático.

Agora, com dez anos de observações, usando o Radar de Abertura Sintética Avançado (ASAR), o Envisat mapeou uma perda adicional de 1790 km² na área da Larsen B, na última década.

A plataforma de gelo Larsen em 2012
A plataforma de gelo Larsen em 2012

A plataforma de gelo Larsen é formada por uma série de três placas - A (a menor), B e C (a maior) - que se estendem de norte a sul ao longo do lado leste da Península Antártica.

"As placas de gelo são sensíveis ao aquecimento da atmosfera e a mudanças das correntes oceânicas e das temperaturas", disse o professor Helmut Rott, da Universidade de Innsbruck.

"Nos últimos 50 anos, a atmosfera do norte da Península Antártica aqueceu cerca de 2,5 °C. Uma tendência de aquecimento muito mais elevada do que a média global, causando o recuo e a desintegração das calotes polares".

A Larsen B diminuiu, em área, de 11512 quilómetros quadrados no início de janeiro de 1995 para 6664 quilómetros quadrados em fevereiro de 2002 devido a várias quebras. Em março de 2002, o degelo reduziu a plataforma a apenas 3463 quilómetros quadrados. Agora, o Envisat mostra que restam apenas 1670 quilómetros quadrados de gelo.

O satélite Envisat
O satélite Envisat

O Envisat já dobrou o seu tempo de vida útil previsto, mas está programado para continuar a observar as calotes de gelo, o solo, os oceanos e a atmosfera da Terra por, pelo menos, mais dois anos.

Isto garante a continuidade na recolha de dados cruciais sobre a Terra até que a próxima geração de satélites - os Sentinelas - entrem em ação em 2013.

"As observações sistemáticas de longo prazo são muito importantes para compreender e modelar processos criosféricos, de modo a melhorar as previsões sobre a reação da neve e do gelo às alterações climáticas", disse o professor Rott.

A Larsen B: 1992-2002
A Larsen B: 1992-2002

"Os modelos climáticos prevêem o aquecimento drástico para latitudes elevadas. As observações do Envisat da plataforma de gelo Larsen confirmam a vulnerabilidade das placas de gelo ao aquecimento climático e demonstram a importância das plataformas de gelo para a estabilidade dos glaciares a montante.

"Estas observações são muito importantes para estimar o comportamento futuro das massas de gelo maiores do oeste da Antártida, se o aquecimento se espalhar mais para sul."

Os radares incorporados em satélites de observação da Terra, como o ASAR do Envisat, são particularmente úteis para monitorizar regiões polares, porque conseguem captar imagens mesmo através das nuvens e na escuridão.

As missões Sentinela - do programa europeu de Segurança e Monitorização Global do Ambiente(GMES) - continuarão o trabalho das atuais observações de radar.

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