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A primeira aterragem do Philae vista pela câmara NavCam da Rosetta
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O pioneiro lander Philae termina a sua missão principal antes de hibernar

17/11/2014 759 views 5 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

O lander da Rosetta concluiu a sua principal missão científica depois de quase 57 horas no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

Depois de ter perdido a comunicação com o lander desde as 09:58 (hora de Lisboa), na sexta-feira 14, a Rosetta recuperou o contacto com o Philae às 22:19 horas desse dia. O sinal era intermitente no início, mas estabilizou rapidamente e manteve-se com qualidade até às 00:36 horas de sábado, 15. 

Durante esse período, o lander enviou todos os seus dados de manutenção, assim como os dados científicos dos instrumentos, incluindo o Rolis, o COSAC, o Ptolomeu, o SD2 e o CONSERT. Desta forma, completaram-se as medidas previstas para o conjunto final de experiências à superfície do cometa.

A primeira vista panorâmica do cometa
A primeira vista panorâmica do cometa

Além disso, o lander elevou-se cerca de quatro centímetros e rodou cerca de 35º para tentar receber mais energia solar. Mas, com o envio dos últimos dados científicos para a Terra, a bateria do Philae rapidamente se esgotou. 

"Tem sido um sucesso enorme, a equipa está muito satisfeita", disse Stephan Ulamec, gestor do lander na Agência Aeroespacial Alemã DLR, que acompanhou o progresso do Philae do Centro de Operações Espaciais da ESA, em Darmstadt, na Alemanha. 

"Apesar de não termos planeado as três aterragens, todos os  instrumentos estavam operacionais e agora é altura para ver que dados temos." 

Contra todas as expectativas - sem o propulsor para baixo e com o sistema de arpão automatizado inoperacional - o Philae ressaltou duas vezes depois da primeira aterragem no cometa, acabando por ir descansar à sombra de um penhasco, na quarta-feira 12 de Novembro, às 17:32 (hora do cometa - são mais de 28 minutos até o sinal chegar à Terra, através da Rosetta).

Os instrumentos do Philae
Os instrumentos do Philae

Enquanto se examinam minuciosamente as imagens de alta resolução da Rosetta, continuam as buscas para a localização final do Philae. Entretanto, o lander enviou imagens jamais vistas da superfície de um cometa. 

As imagens da descida mostram que a superfície do cometa está coberta de poeira e detritos, com tamanhos desde os milímetros até aos metros. Mas as imagens panorâmicas mostram camadas de material aparentemente mais duro. As equipas científicas estão agora a analisar os dados para ver se recolheram amostras deste material com a broca do Philae. 

"Numa fase posterior da missão, talvez quando estivermos mais perto do Sol, esperamos poder ter luz solar suficiente para acordar o lander e restabelecer as comunicações", acrescentou Stephan. 

A não ser que haja luz suficiente sobre os painéis solares para gerar energia para acordar o lander, a partir de agora não será possível qualquer contacto. A possibilidade de acordar o Philae mais tarde foi potenciada quando os controladores da missão deram instruções para que o lander girasse o seu corpo, com os painéis solares fixos. Este movimento deverá ter exposto mais área dos painéis à luz solar.

A trajetória da Rosetta depois de 12 de Novembro
A trajetória da Rosetta depois de 12 de Novembro

No sábado, 15, às 10:00 de Lisboa foi estabelecido mais um pacote de comunicação. A Rosetta procurou um sinal e continuará a fazer isto de cada vez que a sua órbita lhe der visibilidade do Philae. No entanto, dado que a corrente de recarga do lander proveniente dos painéis solares é muito baixa por agora, é improvável que seja reestabelecido contacto com o lander num futuro próximo. 

Entretanto,a Rosetta reposicionou-se numa órbita de 30 quilómetros à volta do cometa. 

A 6 de Dezembro, a nave irá voltar a uma órbita de 20 quilómetros e continuar a sua missão de estudar o cometa detalhadamente enquanto este se torna mais ativo conforme vai a caminho do Sol, cujo ponto mais próximo será atingido a 13 de Agosto de 2015. 

Durante os próximos meses, a Rosetta vai começar a voar em órbitas mais distantes 'não ligadas', ao mesmo tempo irá realizar séries de ousados voos rasantes sobre o cometa, alguns a apenas oito quilómetros do centro deste. 

Os dados recolhidos pelo lander permitirão aos cientistas observar mudanças de curto e de longo prazo no cometa e ajudar a responder a algumas das maiores e mais importantes perguntas sobre a história do nosso Sistema Solar. Como é que se formou e evoluiu? Como funcionam os cometas? Qual o papel dos cometas na evolução dos planetas, da água na Terra e talvez até mesmo da vida no nosso planeta? 

"Os dados recolhidos pelo Philae e pela Rosetta vão revolucionar a ciência sobre o estudo dos cometas", diz Matt Taylor, cientista da ESA do projeto Rosetta. 

Fred Jansen, gestor da ESA da missão Rosetta, diz: "No fim da incrível semana de montanha-russa [que terminou no Sábado, 15], olhamos para trás e vemos a bem sucedida primeira aterragem de sempre num cometa. Foi um momento verdadeiramente histórico para a ESA e para os seus parceiros. Esperamos agora muitos mais meses de ciência emocionante da Rosetta e, possivelmente, que o Philae acorde da hibernação algures no futuro."

 

Mais sobre Rosetta

A Rosetta é uma missão da ESA com contribuições de seus Estados-Membros e da NASA. O lander Philae foi construído por um consórcio liderado pela DLR, MPS, CNES e ASI.

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