ESA confirma o sítio principal de aterragem do lander da Rosetta
A ESA deu luz verde à missão Rosetta para poisar o lander Philae no sítio principal do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko a 12 de novembro, naquela que é a primeira tentativa de aterragem num cometa.
O local de descida de Philae, conhecido por Sítio J e localizado no mais pequeno dos dois “lóbulos” do cometa, foi confirmado a 14 de Outubro, após uma revisão do estado da missão.
Desde que chegou ao cometa, a missão tem realizado recolhas e análises científicas inéditas do cometa, que é um “resto” dos primórdios dos 4,6 mil milhões de história do Sistema Solar.
Ao mesmo tempo, a nave Rosetta tem-se aproximado do cometa: estava a 100 quilómetros a 6 de agosto e agora está apenas a 10 quilómetros do centro do cometa de quatro quilómetros de largura. Isto permitiu obter maior detalhe sobre os locais de aterragem, o principal e o de reserva, de modo a realizarem-se avaliações de risco, incluindo o inventário detalhado das rochas locais.
A decisão de que é para “avançar” para o Sítio J confirma também o cronograma de tarefas até à descida.
A missão irá lançar o lander às 8 horas e 35 minutos (hora de Lisboa) de 12 de novembro, a uma distância de cerca de 22,5 quilómetros do centro do cometa. A aterragem será cerca de sete horas depois, por volta das 15 horas e 30 minutos de Lisboa.
Como o sinal entre a Rosetta e a Terra demora 28 minutos e 20 segundos, significa que a confirmação da separação do lander chegará às estações terrestres às 9 horas e 3 minutos de Lisboa e a aterragem será por volta das 16 horas.
“Agora que sabemos o que é que procuramos, estamos a um passo mais perto de realizar esta emocionante operação de alto risco”, diz Fred Jansen, gestor da missão Rosetta da ESA.
“Mas ainda há uma série de tarefas importantes a finalizar antes de podermos dar a ordem de “avançar” para a aterragem.”
Uma série de decisões de avançar/não-avançar vão ser tomadas antes da separação, a partir de 11 de novembro, com a confirmação da equipa de dinâmica de voo de que a Rosetta está na trajetória certa antes do lançamento do lander.
Serão ainda tomadas mais decisões de avançar/não-avançar durante a noite de 11 para 12 de novembro, dependendo do estado de preparação e ligação dos comandos, que irão culminar na confirmação de que o lander estará pronto para a separação.
Uma pequena manobra será realizada cerca de duas horas antes da separação, a qual irá colocar a Rosetta em posição para lançar o lander Philae na trajetória para aterrar no cometa. A decisão avançar/não-avançar final ocorrerá pouco depois desta manobra.
Após o lançamento de Philae, a Rosetta irá afastar-se do cometa, antes de se reorientar para estabelecer a comunicação com o lander.
“Se alguma das decisões resultarem num não-avançar, teremos de abortar a aterragem e refazer o cronograma para uma nova tentativa, certificando-nos de que a Rosetta está numa boa posição para tentarmos outra vez”, diz Fred Jansen.
Se tudo correr bem, a Rosetta e o lander iniciarão as comunicações cerca de duas horas depois da separação.
Durante a descida de sete horas, o lander Philae irá recolher imagens e realizar experiências, colecionando amostras de poeira, gás e plasma do ambiente perto do cometa.
Irá tirar uma imagem de “despedida” da Rosetta a seguir à separação, juntamente com uma série de imagens de aproximação à superfície do cometa. Espera-se que as primeiras imagens dessa sequência sejam recebidas na Terra algumas horas depois da separação.
Quando estiver em segurança na superfície do cometa, o lander irá recolher imagens do ambiente local. Mais uma vez, espera-se receber estas imagens na Terra algumas horas depois.
A primeira sequência de experiências científicas na superfície do cometa irá começar cerca de uma hora depois da aterragem e irá durar 64 horas, dependendo do tempo de vida da bateria da sonda.
Os estudos de longo prazo vão depender do tempo e de como as baterias do lander Philae serão capazes de se recarregar, o que por outro lado está relacionado com a quantidade de poeira que cobrir os seus painéis solares.
De qualquer forma, espera-se que em Março de 2015, como a órbita do cometa se irá aproximar do Sol, as temperaturas no interior do lander sejam demasiado elevadas para continuar as operações e a missão científica de Philae chegará ao fim.
No entanto, a missão Rosetta irá continuar por muito mais tempo. A nave vai acompanhar o cometa à medida que este aumenta a sua atividade conforme se aproxima do Sol, até agosto de 2015, e depois irão os dois viajar para o Sistema Solar exterior.
Esta missão inédita vai estudar a evolução de um cometa e dar pistas importantes sobre a formação do nosso Sistema Solar, as origens da água e talvez até mesmo da vida na Terra.
Um cronograma detalhado, incluindo as decisões avançar/não-avançar estará disponível em breve.