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Swarm investiga enfraquecimento do campo magnético da Terra

21/05/2020 1369 views 5 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Numa área que se estende da África à América do Sul, o campo magnético da Terra está a enfraquecer gradualmente. Este comportamento estranho deixou os geofísicos intrigados e está a causar distúrbios técnicos nos satélites que orbitam a Terra. Os cientistas estão a usar dados da constelação Swarm da ESA para melhorar o nosso entendimento desta área conhecida como ‘Anomalia do Atlântico Sul’.

O campo magnético da Terra é vital para a vida no nosso planeta. É uma força complexa e dinâmica que nos protege da radiação cósmica e das partículas carregadas do Sol. O campo magnético é gerado, em grande parte, por um oceano de ferro líquido superaquecido e em turbilhão que compõe o núcleo externo a cerca de 3000 km abaixo de nossos pés. Atuando como um condutor giratório num dínamo de bicicleta, cria correntes elétricas que, por sua vez, geram o nosso campo eletromagnético em constante mudança.

Este campo está longe de ser estático e varia em força e direção. Por exemplo, estudos recentes mostraram que a posição do polo norte magnético está a mudar rapidamente.

Nos últimos 200 anos, o campo magnético perdeu cerca de 9% da sua força numa média global. Uma grande região de intensidade magnética reduzida desenvolveu-se entre a África e a América do Sul e é conhecida como Anomalia do Atlântico Sul.

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Anomalia do Atlântico Sul afeta a radiação
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De 1970 a 2020, a força mínima de campo nessa área caiu de cerca de 24.000 nanoteslas para 22.000, enquanto ao mesmo tempo, a área da anomalia cresceu e moveu-se para o oeste a um ritmo de cerca de 20 km por ano. Nos últimos cinco anos, um segundo centro de intensidade mínima surgiu no sudoeste da África - indicando que a anomalia do Atlântico Sul poderia dividir-se em duas células separadas.

O campo magnético da Terra é frequentemente visualizado como um poderoso íman de barra dipolar no centro do planeta, inclinado em torno de 11° em relação ao eixo de rotação. No entanto, o crescimento da anomalia do Atlântico Sul indica que os processos envolvidos na produção do campo são muito mais complexos. Modelos dipolares simples são incapazes de explicar o desenvolvimento recente do segundo mínimo.

Cientistas do Grupo de dados, Inovação e Ciência Swarm (DISC, sigla inglesa) estão a usar dados da constelação de satélites Swarm da ESA para entender melhor esta anomalia. Os satélites Swarm foram projetados para identificar e medir com precisão os diferentes sinais magnéticos que compõem o campo magnético da Terra.

Constelação Swarm
Constelação Swarm

Jürgen Matzka, do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências, diz: “O novo mínimo oriental da Anomalia do Atlântico Sul apareceu na última década e, nos últimos anos, está a desenvolver-se vigorosamente. Temos muita sorte de ter os satélites Swarm em órbita para investigar o desenvolvimento da Anomalia do Atlântico Sul. O desafio agora é entender os processos no núcleo da Terra que impulsionam estas mudanças.”

Especula-se se o atual enfraquecimento do campo é um sinal de que a Terra está a caminhar para uma inversão eminente de polos - na qual os polos magnéticos norte e sul trocam de lugar. Tais eventos ocorreram muitas vezes ao longo da história do planeta e, apesar de estarmos atrasados pela taxa média em que estas reversões ocorrem (aproximadamente a cada 250.000 anos), a queda de intensidade no Atlântico Sul que está a ocorrer agora está bem dentro do que é considerado níveis normais de flutuações.

A nível superficial, a Anomalia do Atlântico Sul não apresenta motivo para alarme. No entanto, os satélites e outras naves espaciais que voam pela área estão mais propensos a sofrer avarias técnicas, pois o campo magnético é mais fraco nessa região, de modo que as partículas carregadas podem penetrar nas altitudes dos satélites de baixa órbita da Terra.

O mistério da origem da anomalia do Atlântico Sul ainda não foi resolvido. No entanto, uma coisa é certa: as observações do campo magnético da constelação Swarm estão a fornecer novas e interessantes ideias sobre os processos pouco compreendidos do interior da Terra.

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