Mars Express ‘apanha’ fracturas profundas em Nili Fossae
Imagens recentes da nave Mars Express, da ESA, mostram o sistema de fracturas Nili Fossae, à volta da gigante bacia de impacto Isidis. Algumas destas incisões na crosta marciana têm 500 metros de profundidade e provavelmente formaram-se ao mesmo tempo que a bacia.
As Nili Fossae são um sistema ‘graben’ em Marte, a nordeste da região vulcânica Syrtis Major, no bordo noroeste da enorme zona de impacto Isidis. A palavra graben designa um terreno rebaixado entre duas falhas ou fendas paralelas nas rochas que colapsaram depois de traccionadas por forças tectónicas. O sistema de Nili Fossae contem numerosos graben, orientados de forma concêntrica à volta dos limites da bacia.
Pensa-se que o preenchimento da bacia com lava basáltica depois do impacto que a criou resultou no assentamento do solo da bacia, aumentando a tensão na crosta do planeta, libertada pela formação das fracturas.
No canto superior direito da imagem é visível uma forte cratera de impacto. Tem 12 km de comprimento e exibe um lençol de partículas ejectadas pela caldeira do vulcão, conhecida como ejecta, normalmente formado por material atirado durante o impacto. A oeste da cratera, dois deslizamentos de terreno. Não se sabe ainda se são um resultado directo do impacto ou se ocorreram posteriormente.
Uma cratera mais pequena, com apenas 3,5 km de comprimento, pode ser observada mais para a esquerda e esta não evidencia qualquer sinal de ejecta. Ou sofreu erosão ou este material está enterrado.
O material de superfície, no canto superior esquerdo da imagem é muito mais escuro do que o restante área. É provável que seja formado por rocha ou cinza vulcânica, com origem na região de Syrtis Major. Estes lençóis de lava formam-se quando grandes quantidades de magma basáltico de baixa viscosidade escorrega ao longo de grandes distâncias, antes de arrefecer e solidificar. Na Terra, o mesmo fenómeno pode ser observado em Deccan Traps, na Índia.
As Nili Fossae interessam aos cientistas planetários porque observações feitas com telescópios terrestres e publicadas em 2009 mostraram que há um significativo aumento na quantidade de metano atmosférico, nesta área, o que sugere que pode estar a ser produzido metano na região. A sua origem permanece um mistério, no entanto. Poderá ser geológica ou, quem sabe, até biológica.
Por isso, entender a origem do metano em Marte é uma prioridade. A ESA e a NASA planeiam lançar em 2016 o ExoMars Trace Gas Orbiter para investigar o tema mais em pormenor. Nili Fossae será observado com grande interesse.