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Viajar para Marte faz parte dos seus sonhos?

09/12/2004 234 views 0 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Consegue imaginar passar oito semanas na cama? A ESA está à procura de voluntárias do sexo feminino preparadas para fazer isso mesmo, no âmbito de um estudo que terá lugar em Toulouse, França, a partir do final de Fevereiro do próximo ano.

Se é mulher e tem entre 25 e 40 anos, é não fumadora, saudável e está fortemente motivada para enfrentar o desafio de passar 60 dias na posição horizontal, então pode ser a pessoa que a ESA procura para fazer parte do estudo Women International Space Simulation for Exploration (WISE).

O estudo resulta da cooperação entre a Agência Espacial Europeia (ESA), a agência espacial francesa CNES, a Agência Espacial Canadiana (CSA) e a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) dos E.U.A.

Seis graus abaixo da horizontal

Durante dois meses, 24 mulheres ficarão deitadas com a cabeça ligeiramente inclinada para baixo, cerca de seis graus abaixo da horizontal. Todas as actividades terão de ser efectuadas nesta posição, mas as instalações especializadas das camas de repouso no Instituto para a Medicina e Fisiologia Espacial (MEDES) estão devidamente equipadas para a permanência na horizontal e estarão disponíveis enfermeiras para prestar auxílio sempre que necessário.

Com quartos partilhados por duas pessoas, cada voluntária terá à disposição um televisor, um computador portátil com acesso à Internet e um telefone. As refeições serão servidas junto às camas e os quartos com chuveiro com camas especiais revestidas de plástico, significarão que a higiene pessoal permanece pessoal.

Medidas compensatórias

Para as voluntárias, poderá ser a oportunidade ideal para pôr a leitura em dia, aprender um novo idioma, ou apenas aliviar o stress e reflectir sobre a vida. Para os cientistas envolvidos neste estudo, é uma oportunidade para descobrir mais acerca dos efeitos de uma longa viagem espacial no corpo da mulher.

A permanência nesta posição durante longos períodos provoca alterações fisiológicas, tais como perda de massa muscular e óssea, e alterações na pressão sanguínea e no ritmo cardíaco, semelhantes às sentidas pelos astronautas nas viagens espaciais prolongadas.

"Os primeiros dias podem ser desconfortáveis, à medida que o corpo se adapta à nova situação," avisa o Dr Laurent Braak, Director do MEDES. "Inicialmente, tal como os astronautas quando chegam ao espaço, algumas pessoas podem sentir enxaquecas e uma dor no fundo das costas." Uma equipa de médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogos e dietistas estará disponível para observar de perto todas as voluntárias.

O estudo irá avaliar o papel da alimentação e do exercício físico combinado para contrariar as alterações fisiológicas. Os cientistas procurarão optimizar as medidas compensatórias existentes já utilizadas pelos astronautas nas longas viagens no espaço e desenvolver medidas compensatórias específicas para astronautas do sexo feminino.

A caminho de Marte

"Trata-se de uma oportunidade única de se tornar uma pioneira na investigação espacial para futuros voos espaciais humanos de longa duração," explica o Dr Peter Jost, da ESA para o estudo WISE. "Os conhecimentos que vamos adquirir com o estudo contribuirão directamente para a saúde e bem-estar dos astronautas. Finalmente, as voluntárias ajudarão a humanidade a viajar para além da Estação Espacial Internacional em direcção a Marte. Aqui na Terra as descobertas poderão também contribuir para a melhoraros métodos de recuperação para doentes acamados."

Outros benefícios para a saúde incluem novos conhecimentos sobre as condições médicas ligadas a um estilo de vida sedentário. Estas condições são comuns nos países industrializados e as descobertas podem fornecer argumentos significativos que conduzam a um estilo de vida mais saudável.

Desafio

Tal como acontece na selecção dos astronautas, a realização de uma série de testes psicológicos constitui uma parte importante do processo de selecção. "Por vezes, pode ser duro e precisamos de mulheres preparadas para enfrentar o desafio e para levar o estudo até ao fim," explica o Dr Jost. "Mas,” acrescenta, “faremos o possível para que as participantes se sintam em casa."

Para mais informações sobre o estudo WISE, requisitos pessoais e detalhes sobre o processo de recrutamento, consulte: http://www.medes.fr/ltbrw

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